Imagine uma Salvador onde o som da sua caixa portátil vale uma multa de R$ 15 mil. Onde andar de patinete é uma infração em potencial. Onde até a pressa de chegar ao trabalho pode custar caro. Essa é a Salvador que vem sendo moldada por Bruno Reis e ACM Neto: uma cidade onde o cidadão é constantemente vigiado, reprimido e cobrado.
Com mais de 357 mil multas no primeiro semestre de 2025, a capital baiana bate recordes não de segurança, mas de arrecadação com penalidades. Radares fixos e agentes com celulares prontos para fotografar qualquer deslize tornam o cotidiano urbano um verdadeiro campo minado. O motorista não é tratado como cidadão, mas como alvo.
A tentativa de disciplinar o uso de micromobilidade, como patinetes e bikes elétricas, parece mais uma armadilha do que uma solução. O limite de 6 km/h em calçadas chega a ser surreal. O cidadão que tenta adotar meios de transporte alternativos acaba punido por uma cidade que ainda engatinha em infraestrutura adequada.
E como se não bastasse o controle nas ruas, o governo agora mira as praias. Um projeto de lei quer banir as caixas de som e multar quem insistir em levar seu lazer à areia. A justificativa é o “bem-estar”, mas o efeito prático é o silenciamento da cultura popular, da liberdade e da convivência.
Salvador está perdendo sua essência. A cidade do axé, da alegria e da malemolência se vê encurralada por uma gestão que prefere o som da impressora de multas ao batuque do tambor.