Uma declaração do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), gerou intensa repercussão nas redes sociais e entre políticos da oposição nesta semana. Durante um discurso, o petista afirmou ser necessário “enterrar numa vala os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro”. A fala, divulgada fora de contexto, foi interpretada por adversários como um incitamento à violência política.
Aliados do governador, no entanto, reagiram prontamente e afirmaram que a expressão teve caráter metafórico. Segundo pessoas próximas, Rodrigues se referia à necessidade de superar valores associados ao bolsonarismo, como o ódio, a intolerância e a exclusão social.
“Ele jamais falaria sobre pessoas. Estava falando da importância de enterrar o preconceito, o discurso de ódio e o retrocesso. Foi uma fala simbólica, que representava o desejo de superação de um período sombrio”, disse um assessor próximo ao governador.
Com trajetória marcada por origens humildes, Jerônimo Rodrigues é professor, nascido na zona rural, e possui ligações tanto com a fé cristã quanto com religiões de matriz africana. Sua gestão tem se voltado, segundo sua equipe, para políticas públicas direcionadas aos mais vulneráveis.
“É um governo com os pés no chão, que caminha com o povo. Um governo que escuta as comunidades tradicionais, chora com as mães e reza com os quilombolas”, afirmou um integrante da comunicação do governo estadual.
A fala de Rodrigues provocou reação entre apoiadores. Para eles, a crítica feita ao bolsonarismo foi distorcida com o objetivo de desgastar a imagem do governador. “Tentar transformar um gesto simbólico em discurso de ódio é perverso. Jerônimo representa justamente a luta contra a intolerância”, disse um militante presente no evento.
O governador ainda não se pronunciou publicamente sobre o episódio. Nos bastidores, interlocutores afirmam que ele interpreta a polêmica como uma tentativa de desviar o foco das críticas que vem fazendo à estrutura política que, em sua visão, exclui e marginaliza os mais pobres.
Apesar da controvérsia, a mensagem do governador permanece clara para seus apoiadores: a proposta é enterrar ideias e comportamentos que desumanizam e dividiram o país — e, em seu lugar, promover valores de dignidade, inclusão e respeito.